sexta-feira, dezembro 30, 2005


bom ano! senhores vitores!
o balanço de 2005


No gráfico acima poderão ver a carga mensal em termos de distância, para a segunda maratona foi muito menor mas houve claramente um acréscimo de qualidade.
Quanto a números foi assim:

Distância total: 2011 Km
Treino Hard/Steady: 195 Km (séries e os tempo runnings)
Treino Easy/Rolamento: 706 Km
Treino Longo: 761 Km
Provas: 348 Km (19 corridas...)

e foi assim... um ano bastante positivo
brevemente vou revelar os planos para 2006

boas entradas!

segunda-feira, dezembro 19, 2005


poema de natal
Vinicius de Moraes


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

é quando um Homem quiser...
grande prémio de natal - Lisboa 2005


Deixámos os carros nos restauradores e fomos de metro para o Colombo, tropeçámos nas pessoas que queriam ir comprar e não vimos os que queriam ir correr… fomos para o lado contrário e lá vimos um aglomerado e malucos em cuecas e algum em ceroulas prontos para estorvar mais uma manhã de consumismo exacerbado na nossa capital.
Foi dada a partida quase sem darmos por isso e seguimos a ritmo moderado pois as subidas ao início eram “duras” principalmente aquela ao lado do estádio glorioso que nos iluminava o caminho. A mim soube bem ter privilégio de andar a alta velocidade na 2ª circular bem mais rápido do que circula por estas horas… Depois foi sempre a rodar até ao Saldanha e aí deu-se o click e fui a abrir pela ravina até aos restauradores.

Um abraço,
E festas felizes,

terça-feira, dezembro 06, 2005


um relato na primeira pessoa:
A primeira maratona - António Bento


No sábado (3/12) os últimos 20' para descontrair. Tudo a postos. Tinha iniciado o treino em 26 de Julho. 4 meses e uns pós de intenso e volumoso treino. Treinos pelas 6:30 da manhã (pelo menos os 2 durante os dias de semana), pescadores a perguntarem-me em Algés se ia fazer séries J, muitos nascer do sol, muita chuva e molhas torrenciais, muito Guincho. Muitos
quilómetros. O controlo dava boas pistas - 10km, Corrida do Tejo em 48:02, meia da Nazaré em 1:43:12. Grande motivação para correr a maratona acompanhado pelos Amigos do GAFE (Grupo de Atletas do Fundo da Estrada) - quer na corrida, quer a apoiar (obrigado Barrigas e Paulo Vieira). Também o Gonçalo (que na prática já é do GAFE), Amigo de infância que me acompanhara na estreia na meia de Lisboa há precisamente 2 anos. Também ele ia fazer a sua estreia numa maratona. O plano era simples - rolar a 5:30/km. Passar à vontade à meia e depois logo se via (2 semanas antes, 2 horas, ao ritmo de 5:30/km, com a pulsação bastante estável). Tudo era confiança. Pensava num tempo abaixo das 4h. Mas a gestão das expectativas nem sempre é linear e creio ter sido o factor decisivo para o que sucedeu.
Lá fomos no ritmo previsto. A pulsação estava elevada talvez devido à natural excitação. Mas os quilómetros passavam e não havia forma de baixar. Na Almirante Reis senti que para manter o ritmo estava a fazer um esforço elevado. À meia maratona o parcial de 1h59' - média de 5:39/km. Ainda assim dentro do previsto. Aos 25 km percebi claramente que, ou continuava e mais à frente limitaria as possibilidades de terminar, ou alternava caminhada com corrida para diminuir a FC e lá chegaria ao final. Aos 30km ainda pensei poder terminar um pouco acima das 4h. Aos 33km já não pensava nada a não ser terminar, fosse de que jeito fosse. A desistência aflorou o nível mais escondido da consciência, mas logo foi diluída pela certeza de que queria terminar e de que ia terminar. As palavras de incentivo sucediam-se entre companheiros de prova. Cruzei-me com o Gonçalo que também ia a sofrer bastante. No ponto de viragem a desagradável surpresa de ver os 2 moços da organização sentados com as mãos no queixo e nem 1 palavra. Ao invés da festa estavam a fazer 1 grande frete. Pelos 37 km uma nova onda de auto-motivação, "já só faltam 5 km" e agora pensava que conseguiria terminar abaixo das 5h. Pelos 39km a surpresa de ver o Pedro Oliveira em sentido contrário. Vinha-me rebocar. Ele e o Nuno Cabeça tinham terminado com 3:25. Menos 15' que em Abril em Paris. Grandes heróis. Meus heróis. Grandes companheiros. Aos 40km um "give me five" com uma atleta Suiça. Ela não percebeu e apertou-me a mão J. Palavras de incentivo mútuo e lá seguimos. Ainda tempo para sorrir ao ver o Pedro Teixeira e a Ana. "Gandas" malucos todos eles - à minha espera durante 1h e meia. Finalmente a placa dos 42km, a equipa GAFE e a Cristina. As fotos do Carlos, o Nuno a dar um último empurrão e a meta, tão desejada. Fiz a festa, levantei os braços, terminei. Ao fim de 4h51'! Terminei a minha 1ª maratona. Resisti a tudo e cortei a linha de meta. Afinal o mais importante.
As razões para tanto tempo no asfalto? Expectativas para menos de 4h que começaram inconscientemente a aumentar a ansiedade. Estava bem preparado e por isso mesmo talvez não tenha gerido eficazmente a expectativa. Um período de "tapering" calmo do ponto de vista físico, mas intenso do ponto de vista pessoal / emocional, nas 3 semanas que antecederam a prova. Comprovando igualmente que numa prova tão longa, apesar do treino ter corrido como previsto, apesar dos bons níveis de desempenho intercalares, há variáveis colaterais que têm tanta intensidade e impacto como o treino em si. E no dia da prova a pulsação não pode disparar daquela forma.
O que mais há a dizer? Que voltarei um dia a fazer outra maratona! Que se lixem os ritmos, o corpo é que vai mandar desde o início, tal como comandou a partir dos 33km! Que tenho uns Amigos fantásticos e que pertenço a um GAFE mágico.
Apenas mais 2 palavras para a organização: PARABÉNS, creio que no geral correu muito bem. Para além dos 2 moços que NÃO queriam estar ali no último ponto de viragem, a questão das marcações quilométricas. Não é aceitável que ao fim de 20 anos ainda não se acerte com a marcação dos km. Para quem faz uma maratona é fundamental para ver ritmos e ajudar a analisar a resposta do corpo.
Obrigado a todos os que me apoiaram para percorrer os 42,195m. Sou um dos Vossos, já consegui!

António Bento

segunda-feira, dezembro 05, 2005


vitória tangencial do homem sombra
Maratona de Lisboa 2005


Acordar às 5:50 para poder começar a tomar o pequeno-almoço precisamente 3 horas antes do início da prova. Beber uma boa caneca de chá e duas sandes de marmelada pensar em voltar para cama mas preferir ficar a ver a RTP memória, foi o início de mais um dia em que iria cumprir pela segunda vez a mítica distância.
A hora que tinha previsto para sair de casa era pelas 7:45 para poder arrumar o carro às 8:15 na zona do teatro S. Luís e estar no ponto de encontro (Café Martinho da Arcada) às 8:30 em ponto. Entretanto fui colocando as ligaduras e fitas adesivas nos respectivos locais; mamilos e zonas de potenciais bolhas, depois fui passear o meu cão durante cerca de 20 minutos e terminar de carregar a mochila, que para além de roupa seca tinha uma merenda para o final.
Os companheiros de Paris lá estavam, o Carlos devido a uma época atribulada só fez a meia e o Pedro O. para a distância total, ainda tínhamos o Pedro T. que fez de lebre até às duas horas de prova e o A. Bento que fez a sua ansiada estreia na distância.
Lá fomos sem grandes percalços até à Almirante Reis (como piada só me lembro de por volta dos 10 Km um senhor em sentido contrário dizer para outros que já levavam a luz do óleo acesa) nessa subida os Pedros tomaram algum avanço e eu fui a controlar o ritmo cardíaco sempre acompanhado pelo Carlos até que foi a separação no Terreiro do Paço. Passei à meia às 1:38 e estava a manter a distância para os Pedros nem me afastava nem me aproximava, eles fizeram um “pitt stop” a seguir ao abastecimento dos 25 Km e lá seguimos até deixar o Pedro T. na rotunda do monumento ao 25 de Abril. Por volta dos 27 Km passámos o Fernando Andrade que disse que não estava nos dias dele, e eu ainda respondi – “podera! com tantas nas pernas...”. Depois o passatempo foi procurar em sentido contrário pelo A. Bento acompanhado pelo Gonçalo também na sua estreia lá os vimos e pareciam bem, …mais uma vez aquela maldita subida daquele viaduto…Uff! O abastecimento do 30 Km muito bem servido com gels, banana e laranja e uma senhora que corria ao nosso lado para nos oferecer esses valiosos bens. Passamos pelo Terreiro do Paço aos 32 Km o Rodrigo silva grita: “Força Nuno, já só faltam 10 quantas vezes já fizeste 10?”, Pois é mas a partir dos 35 Km as pernas começaram a pesar o dobro, e começou a neura do desespero à procura do ponto de retorno que nunca mais chegava, e depois as pernas a cada vez mais pesadas e alguns quilómetros a ritmo de 6:00/km ou mais, vimos o Gonçalo e perguntámos pelo A. Bento e o Pedro O. ainda pôs a hipótese de ele ter desistido que eu disse não ser possível e no Cais Sodré lá vinha ele sofredor mas descontraído. A nossa meta estava à vista e o Pedro O. lá fez o seu sprint para a foto e eu consegui levantar os dois braços para saudar o meu sobrinho Afonso e os meus Pais e cruzar a meta em 3:25:39.
Depois foi esperar pelo A. Bento, o Pedro O. equipou-se de novo e foi ter com ele para o trazer (estas religiões orientais às vezes até resultam…) passado um bom bocado lá vinha o A. Bento com o seu Buda, mais uns metros e… missão cumprida!
Quando à organização, só tenho a dizer coisas positivas, considero que fui bem tratado desde a recolha dos sacos, aos abastecimentos incluindo a senhora que ia a correr ao nosso lado aos 30 Km. O saco no final estava bem recheado e a participação de muitos estrangeiros, dá-me ideia que até mais do que no ano anterior, trouxe uma cor muito viva a esta organização. Parabéns! E até para o ano.

Tempo: 3:25:39 média cárdio: 163 bpm


Como bónus ainda poderão fazer o download do ficheiro do google earth aqui (botão direito do rato e escolher Guardar destino como... ou Save target as...)



Um abraço a todos!