desfrutar
Sábado – partida para Londres, tudo correu bem, o guia (em papel) fornecido pela nossa agência não tinha qualquer falha e facilmente chegámos ao hotel, o tempo era apertado para estarmos a tempo na feira para levantar os dorsais, pois fechava cedo – cerca das 16h30 – aqui pode-se apontar uma das únicas falhas desta maratona, a “pasta party” terminar às 17h00 – mas assim almoçámos no hotel, é claro atendidos por uma simpática compatriota.
A feira não é melhor que a de Paris, alguns grandes stands, Adidas, Asics e pouco mais... até trago um folheto para uma Maratona no Porto (não sei se conhecem...). Jantar, perto de Piccadily Circus uma apropriada casa chamada Spagethi House – gerida por: adivinhem... um português, muito bem! O que interessa é que o depósito ficou atestado.
Domingo – 5h30, o meu despertar, já tinha tudo preparado de véspera, foi só “despejar as cascas dos hidratos” e descer para o pequeno almoço especial para os maratonistas, não inventei e comi exactamente o que costumo comer antes das provas – pão com doce e chá preto.
Às 7h00 o autocarro para a partida, íamos vendo os outros participantes a ir para o metro até alguns de bicicleta, chegados à Blue Start... Uau!!!! Parece um festival de rock – um relvado imenso, ecrã gigante, tendas com águas, chá, e café, os vários TIR organizados por nºde dorsal para receberem os sacos dos participantes, o sistema dos Urinóis masculinos era fantástico – milhares a entrarem por um lado e fazer o seu serviço e disciplinadamente a saírem pelo outro, às 9h00 vimos a partida da prova feminina no ecrã gigante. Entrámos para a nossa zona cerca de 15 min antes da partida e nunca estivemos apertados, foram abrindo os portões e quando demos por nós estávamos a cerca de 25 m da linha de partida.
Prova – Sentia a bexiga a apertar, suou a buzina! Olho para a direita e vejo um grupo a aliviar-se junto a um painel publicitário, e resolvi ir lá antes de passar pelo tapete do chip, respirei fundo e lá fui na enorme onda que participava neste enorme evento desportivo. O ritmo ia pelos 5:30, mas nada que se compare com a nossa ponte, apeteceu-me olhar para aqueles milhares de espectadores que estavam ali 1 km depois da partida a gritar com todas as forças, fui ganhando o meu ritmo mas sem nunca ultrapassar os 5:00, passei pelos guerreiros massai, entretanto o Pedro O. passa por mim e diz que ele e o Carlos vão ali à frente do lado direito, mas eu nem liguei, fui aumentando ritmo gradualmente, mas sem nunca atingir o que pretendia, nunca baixei dos 4:50 por um período longo. Quando chegamos à Tower Brigde cerca dos 20 km quase que somos levados no ar, tal é a gritaria e o apoio, entretanto vinha-me entretendo a bater nas mãos das crianças que estavam à beira da estrada de braço esticado, vejo um equipamento com a bandeira portuguesa lá à frente, boas noticias, já consegui chegar ao Carlos e ao Pedro, passei por eles a fingir que ia a acelerar, começamos a ver os primeiros a passar pelos 35 Km (um ritmo fantástico!) mais atrás, já com o estoiro iam o Ramala e o Baldini, e nós passámos à meia e começou a chover bem durante um bons km, o Pedro começou a sentir a camisola a arranhar, e a seguir a um abastecimento (eram de milha a milha) estão sempre uns bombeiros de mão com luva esticada a dar Vaselina, e sentiu-se melhor. Eu perto dos 30 Km, comecei a ficar para trás, o meu esforço era o mesmo, mas a velocidade diminuía a olhos vistos e a pernas pesavam cada vez mais, nunca me passou pela cabeça parar e ir a caminhar, fui criando pequenos objectivos; por ex. “fazer esta milha em menos de 9 min” depois “fazer esta em menos de 10 min”. As pessoas oferecem, sugos, gomas, e até powergel daquele mesmo a sério, e gritam “C’mon Niunou!!” ou até “C’mon Nunho” (desta não gosto muito, confesso), mas com uma força e uma convicção que até neste momento em que escrevo, me arrepio.
Os últimos Km foram longos, eu ia quase a 6:30, havia um sinal a dizer “só faltam 385 jardas!” vejo um participante a cair ali (dá mesmo vontade de pegar no homem), e as placas dos 300, 200 e 100 que nunca mais passavam, a única coisa que me animou foi ver o relógio nas 3h39m e “sprintei” para ficar abaixo das 3h40.
Depois mudei de roupa e começou a chover e a confusão isntalou-se, por acaso encontrei o Carlos (que conseguiu finalmente Boston time, parabéns!!!) e fomos até ao hotel.
Segunda-feira – pequeno almoço alarve, e caminhada no parque, depois mais uns km de metro e mais uma bela caminhada no centro de Londres, sempre com um andar novo, e chegar a Lisboa, com aventuras automobilísticas... que não vou contar aqui
Ps. Obrigado Carlos!